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Ética

  • Néia Marques
  • 29 de out. de 2018
  • 1 min de leitura

A ética com seu límpido esplendor,

Ilumina a feiura de nossas atitudes corriqueiras,

O troco roubado,

Os banheiros públicos danificados.

A ética se constrange,

Ao ver traseiros confortavelmente acomodados,

Em ônibus e trens lotados,

Zombando da ociosidade dos anciões,

Carregados de ossos frágeis,

Artrites,

Artroses,

E dos anos overdose,

Que se equilibram no sacolejo,

Dessas mentes dormentes.

A ética se entristece,

Ao ver a mulher que irá parir,

Um ser que por vingança,

Será espelho dos seres,

Que observa através da tênue pele.

A velha senhora ética,

Com seus cabelos nevoados,

E seu olhar agudo,

Estranhará a minimização de gestos de cordialidade,

E provavelmente pensará na infantilidade dos humanos,

Que de uma atitude sábia,

Menos é mais,

Escasseiam o que não lhes sobrepujariam a caminhada,

O “bom dia”,

A “boa tarde”,

O “como vai”.

Escasseiam o pensamento aguçado,

Isentando o intelecto de ser provocado.

A ética incomoda-se com a ideia,

De tornar-se apenas uma definição pálida,

Nos aplicativos de busca,

Ou pior, que nada conste na pesquisa,

Pela não utilização desse verbete.


*Poesia publicada no livro XII CLIPP (Concurso literário de Presidente Prudente Ruth Campos - 2018)

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